quarta-feira, 2 de junho de 2010

Canção Gitana


Canção Gitana

Sou estrangeira em todos os lugares e ninguém compreende quando eu canto ou falo, porque eu falo a linguagem da alma e canto canções do coração.
Vou de fronteira em fronteira buscando uma pátria, um irmão, e é sempre nova e estranha a mão que me recebe, a lama que me ouve, mas não me crê.
Eu falo de coisas simples, mas milagrosas.
De amores imortais e cegas lealdades.
De entregas totais, de realização, de liberdade.
Eu canto cações de vento e chuva e repito a melodia sem palavras dos pássaros madrugadores.
E digo que são puras as manhãs levadas de luz e sol.
E são eternas as cores, embora as flores sejam efêmeras e o perfume passageiro.
Digo que a dor é mansa e necessária e que os olhos devem chorar.
Eu canto a distância do adeus, e da espera sem limites.
Eu canto versos tristes, mas sinceros e quentes no calor de todas as verdades que ditas em qualquer língua têm o mesmo sabor.
Minha voz repete, um tema de amor que o mundo não entende.
Por isso, Cigana de muitos mundos, eu me declaro apátrida.
Adayla Barbosa (Livro Canções do velho moinho)

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