quarta-feira, 9 de junho de 2010

Saudade de tudo!...




Saudade, essencial e orgânica, de horas passadas
que eu podia viver e não vivi!...
Saudade de gente que não conheço,
de amigos nascidos noutras terras,
de almas órfãs e irmãs, de minha gente dispersa,
que talvez ainda hoje espere por mim...

Saudade triste do passado,
saudade gloriosa do futuro,
saudade de todos os presentes vividos fora de mim!...

Pressa!...
Ânsia voraz de me fazer em muitos,
fome angustiosa da fusão de tudo,
sede da volta final da grande experiência:
uma só alma em um só corpo,
uma só alma-corpo, um só, um!...
Como quem fecha numa gota
o Oceano, afogado no fundo de si mesmo...
(Guimarães Rosa)

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